sexta-feira, dezembro 5

Blábláblá natalício, e tal.

Há algo de errado no Natal, e isso torna-o bem mais horrendo que o próprio Grinch. Esta época provoca-me arrepios de nervos e só me dá vontade de me enfiar em casa aos fins de semana, ficando a uma distância de segurança de, pelo menos, 20 km de mínimo dos centros comerciais e sítios do género.
O povão acotovela-se nos ditos antros de consumismo, enfadado, furioso, irritado, apressado, esperneando pelos corredores fora e pasmando de quando em vez frente às montras; esposas, avós, namoradas e irmãs, degladiam-se pela compra da prenda mais vistosa, mas mais baratinha que conseguirem, numa luta pela multiplicação dos tostões - e das prendinhas à disposição; maridos, avôs, irmãos e namorados, jazem entediados pelos bancos, pelas beiras, cafés e lojas de gadgets, aguardando que acabe a fúria consumista de suas acompanhantes, e esperando que esta espera lhes valha alguma prenda de jeito; crianças nervosas, pedinchonas, birrentas e hiper-activas atrofiam corredores e lojas de brinquedos, gritando a plenos pulmões a carta que escreveram a essa fraude que é o Pai Natal.
Já para não falar nas empregadas mal-dispostas que urram "obrigados" e "Feliz Natal" como quem dá murros nos dentes dos clientes... e nas lojas que mais parecem ter sido atacadas pelo monstro da Tasmãnia.
Fins de semana e fins de tarde e subsídios de Natal gastos nesta triste sina.
Preferem deixar de comer como deve ser a faltar com a prendinha da treta para meio mundo. São todos muito "in", e todos muito "natalícios", ao passear pelos domínios dos nossos magnatas do comércio com os seus saquinhos de compras e a deprimente musiquinha de fundo, mas a prestação da casa não é paga há dois meses, o carro é o papá quem paga, a escola é a vóvó que financia, o plafond do cartão de crédito ainda não está recomposto das férias, do plasma novo lá da sala, e do início das aulas dos miudos, e o frigorífico é um monumento à inanição.
Natal? Natal era quando se acreditava no Menino Jesus, que recebeu prendas, sim senhor, mas simbólicas da fé dos Reis Magos. Se fosse hoje, em vez de ouro recebia um plasma, em vez de incenso, uma Playstation III, e em vez de mirra, sei lá, uns chinelos de inverno da Crocs, ou um I-Phone...
Já ninguém quer saber disso. O show off substituiu o espírito de Natal, a hipocrisia substituiu a fé, nesta época que devia de ser de Paz, Família e Harmonia.
Sim, porque "se a avó não me dá uma playstation, não gosta de mim, e nunca mais vou a casa dela!". ..
Este inferno vai durar mais um mês, durante o qual tenho que me restringir ao meu domínio caseiro nos momentos de lazer (até porque até o tempo não ajuda para os passeios...) - nem ao cinema é possível ir, dada a proliferação dos membros sobrantes das famílias que se encafuam lá para fazer tempo enquanto as dondocas e demais populaça fazem as suas comprinhas de Natal...
Não há pachorra!!!!!!!!

Crise? Mas qual crise? Alguém pensa em crise nesta época? Enquanto houver subsídios de Natal, não há crise. e ordenados, esses também tem que ser todos gastos em inutilidades, senão é a mais perfeita exclusão social. Que se lixem as contas para pagar, o que interessa é parecer bem.

Mau feitio? Não... é que , a mim, a crise realmente afecta mesmo... Portanto, boicotarei o Natal na parte que me for possível. Ostracizem-me, se quiserem, que não me importo nada com isso...



terça-feira, novembro 18

Quem dá e tira...

Mais uma daquelas do nosso Primeiro, verdadeiro perito em golpes de maquilhagem política mal disfarçados: Foi a Ponte de lima - que por acaso é a minha terra... - distribuir Magalhães à laia de Pai Natal moderno, cheio de generosidade e falinhas mansas. Fez como costuma fazer sempre que junta mais de 3 pessoas, e va de dar um Magalhaes a cada uma das 250 crianças e de elogiar o dito, ensinado tudo o que é preciso saber sobre o mesmo, dizendo que qualquer pessoa de menor capacidade intelectual - o vulgo "burro" - sabe trabalhar com aquilo, até os 300. 000 assessores dele conseguem. As crianças devem ter ficado enormemente elucidadas.

Nada de novo, excepto o facto de, depois de passar a comitiva toda, depois de todas as tv's filmarem o Sr. PM a dar o ar da sua graça e magnanimidade, terem recolhido todos os Magalhaes das mãos das 250 crianças, dizendo que, afinal não era para ficarem ainda com eles.

Já aqui há uns tempos foi a fantochada do IKEA. O PM foi lá a Ponte de Lima , encheu o bandulho e fartou-se de arrotar postas de pescada a dizer que este governo era um espectáculo porque ia trazer para uma zona "menos favorecida" uma grande empresa estrangeira, muitos empregos e tal... pois, passados uns meses, uma data de recrutamentos-fantasma que encheram muitas famílias de esperança, anunciaram que o IKEA afinal ia para Matosinhos, sim, essa zona MUUUITO MAIS DESFAVORECIDA do que Ponte de Lima...

Por essas e por outras que me recuso quer a votar PS (nem noutro partido qualquer, já agora... só voto no Daniel Campelo, desde que se mantenha Independente), quer a entrar no IKEA. E também há anos que não como Queijo Limiano: pelo menos desde que saiu da sua verdadeira origem.

Eu podia gastar linhas e linhas de comentários sobre esta falta de vergonha na cara... mas realmente fiquei sem palavras....

sexta-feira, novembro 7

PFFFF.... II

Lindo: um banco faz asneira, patina numa imensidade de milhões de euros, uns quantos banqueiros enchem os bolsos com negociatas, e o que faz o nosso Governo??? Ora pega nos nossos impostos, e NACIONALIZA o banco ao qual se aponta o dedo por fraude. É uma espécie de prémio pela destreza de iludir o Banco de Portugal durante tanto tempo. Ou não, que já no caso Millennium ficou praticamente o dito pelo não dito e o BP não fez praticamente nada, a não ser falar.
Porquê???
Ainda por cima, o PS aprova uma destas sozinho, e ficamos aqui todos a olhar.
Já para não falar na idiotice da garantia de vinte milhões, e da clara usurpação de fundos públicos para injectar dinheiro nos capitais sociais dos bancos. Dos BANCOS!!!!!! As únicas entidades que, ano após ano, dão sempre LUCROS astronómicos!!!!
As empresas no nosso país estão a fechar, muito por culpa da pesada carga fiscal, abusiva e ablativa do empreendorismo, e ainda da proteccção exacerbada do laxismo dos trabalhadorese ex-trabalhadores. A produtividade vai para o galheiro, porque o Estado teima em afundar as empresas, recusando a ajuda que deveria, por obrigação, dar. Depois, o que tira às empresas que se esforçam por continuar a laborar, vai injectá-lo nos BANCOS!!!!!! Esses, que a par do estado, sugam os recursos todos aos particulares e às empresas.
Por mim, deixava falir meia dúzia de bancos, especialmente estes aos quais se descobre as derrapagens absurdas. Toda a gente que tem créditos pensará de forma semelhante. Em dois anos, toda a gente se viu a pagar enormidades a mais pelos seus créditos, e esse dinheiro vai para onde???? Para os BANCOS!!!!!
Revolta-me pagar todos os meses os meus impostos. É dinheiro que, todo junto por todos os contribuintes, aplicado à produtividade, à criação de mais postos de trabalho, de mais unidades de produção, serviria para começar a tirar o pé da lama.
Mas não. Os bancos precisam mais.....
PFFFFFFFFFFFFFFFF!!!!!......................

terça-feira, setembro 2

PFFFFFFF.....

Notícia de hoje do Público: "Paulo Pedroso ganha acção por prisão ilegal no processo Casa Pia".
O meu comentário: PFFFFFFFFFF!!!!.....
(O título poderia ser: "Como escapar da condenação num mega processo ora moribundo, e ainda ganhar 100 mil euros com isso....").
Anda muito boa, a nossa Justiça, anda.

quinta-feira, agosto 21

Férias (ou nem por isso...)

Irrita-me. Juro que me irrita profundamente trabalhar quando toda a gente está de férias. É uma tortura, e devia ser proibido (mesmo quendo se trabalha por conta própria...SIM, e depois?). Uma pessoa está ali, a trabalhar, a suar as estopinhas para que todos os que veraneiam possam ter uma vidinha descansada, a exibir os seus bronzes impunemente, as suas férias na praia, as suas célebres frases "esta semana não estou cá, vou de férias ".
É injusto. Chamem-lhe inveja - porque é!!!! - mas, que diabo, eu também queria ir de férias, e apanhar um bronze, e descansar, e gozar com os outros que estão a trabalhar. Ora aí está.

"Ai e tal, que ainda não fiz a mala, são um diazinhos muito poucos, quase não dá para notar, se calhar até nem vou ". HUMPFFFF!!!! E depois passam dois meses a chagar toda a gente com a treta das férias e as fotos, e os parques aquáticos e mais não sei quem que viram na chafarrica onde estiveram. BAH!

Revoltada, invejosa, mal-disposta, podem chamar-me isso tudo. Mas que custa, CUSTA!!!!

Para o ano, vão ver...



sexta-feira, agosto 8

É assim mesmo!

Digno de um filme americano, mas à portuguesa, foi este episódio do sequestro do BES, que vimos todos ontem em directo pela televisão. Finalmente, uma demonstração de competência das nossas forças policiais que, com toda a precaução mas toda a veemência, puseram cobro ao atrevimento de dois tipos que se lembraram de armar em parvos e assaltar um banco. É grave assaltar um banco, mas mais grave é fazer reféns e apontar-lhes armas à cabeça, aprisionando-os durante tantas horas. Morreu um, deviam ter morrido os dois. Não me faz qualquer tipo de pena serem jovens, não me comove que sejam duas pessoas desesperadas: eles tinham sempre uma outra opção - a de não cometer o crime. A partir do momento que que deixam de ameaçar apenas bens materiais, mas ameaçam manifestamente a vida humana e a integridade fisica dos reféns, perdem todos os direitos e garantias e merecem ser pagos na mesma moeda. Este tipo de cancro social tem que ser parado, e caso não se fizesse nada, o exemplo não seria dado. A polícia actuou soberbamente bem, esperou até ter a certeza de que teria que actuar assim. Volto a dizer, pena não ter liquidado ambos os sequestradores, que este que ficou vivo sobreviverá á custa dos meus impostos, e isso não está certo. Qual solidariedade, qual quê.
A piada agora vai ser ver a canção dos "coitadinhos, que eram imigrantes brasileiros, coitadinhos que eram tão novos, coitadinhos que eram pobrezinhos". Já não há pachorra para isso. Chega deste pensamento geral que tudo se pode fazer impunemente. Este jogo social tem regras, e felizmente a polícia mostrou que está aí para as fazer cumprir, custe o que custar - pena não ser sempre assim.

quarta-feira, maio 28

mil perdões

Realmente, é uma falta de respeito por quem ainda se digna ler as soltas palavras vou deixando neste humilde blog não ter continuado a cumprir o ponto. Mas o trabalho a isso obriga, e acreditem que me foi de todo impossível por cá alguma coisinha digna de se ler. Nem digna, nem menos digna.
Mas, de facto, tem mesmo faltado o tempo para saber de novas para esquadrilhar, ou melhor, o que tem havido de novo por aí é tão mau, que comentar sobre isso dá azia e cefaleias bastantes.
Para além dos políticos cada vez mais parvos, mais corruptos e mais mentirosos, da justiça que o é cada vez menos, do futebol que é uma vergonha (e quem paga as favas são sempre os mesmos, ainda que sejam campeões, carago!!!!!), desta euforia exacerbada e bacoca do Euro, do arroz que vai escassear, dos Mcann que continuam a fazer de nós atrasados mentais, de dirigentes deste nosso quintal, prevaricadores e infractores de leis para quem um simples pedido de desculpa e um (vou deixar de fumar) basta para evitar punição devida, do desemprego astronómico e sem solução, dos preguiçosos que vivem à custa de subsídios, dos betinhos tesos que fazem vida de rico e sobrevivem a sandes de margarina e água da torneira com Tang, dos bancos que nos sugam até ao tutano com os seus aumentos titânicos, dos canais de TV que só passam porcaria, do MEO dos Gatos, que não tem os canais FOX (grande treta...), das tipas que poem mamas de silicone e todos se babam a olhar para elas, ....
....temos agora esta coisa dos aumentos estúpidos dos combustiveis, vergonhosos e abusivos, que nos vão fazer regressar à idade da pedra e comprar burros e demais rezes de tracção, para nos puxar a nós e às nossas carroças. Ou então andar a pé, que faz muito bem, ainda que canse horrores.
A vontade geral é emigrar para longe. Mesmo que longe seja pior, pelo menos é diferente.
Os mais de nós que ficam por cá a investir no país, temos que nos aguentar à bomboca, mas não queremos falar em desgraças. Falamos, comentamos, mas nem por isso gostamos muito...
Mas voltarei. Porque tive saudades , porque não vou deixar morrer estes meus tascos que me deram tantas horas de entretenimento.
Voltem vocês também. E perdoem-me a minha ausência.

sábado, fevereiro 2

Já tardava...


Depois de ler isto, foi o que pensei imediatamente: "já tardava".

E depois ainda dizem que o Bastonário da OA não tem razão.

Nããããão, o poder político não tem nada a ver com isto... Nãããããõ, não andamos a ser chacota da Europa toda por ser os lambe-botas dos muito bem relacionados arguidos... Nãããõ, não deve ter havido nenhuma ordem do governo para parar a banda e não espiolhar mais nada sobre o assunto Maddie... Claro que nãããão....

Já passaram 2 anos???


Ora, meus caros amigos e Blogosferautas, comemora-se este mês o 2ª aniversário deste humilde blog. Obrigado a todos os que, com as suas visitas, foram dando algum sentido a isto.

Da minha parte, pretendo continuar a tentar escrever coisas que sejam do vosso agrado, e do meu também, já agora. Se não, paciência, não tenho livro de reclamações, mas não digam nada à ASAE...

segunda-feira, janeiro 28

Evolution of dance

Estranhos, estes humanos..... (de morrer a rir!!!)

Já não se pode dizer nada...VI, ou Temei, intocáveis barões da nossa nação

R-e-b-o-l-e-i de satisfação com as declarações do novo Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. António Marinho e Pinto, sobre a corrupção política no nosso país, e a impunibilidade dos nossos intocáveis barões. O homem disse simplesmente aquilo que todos nós pensamos: que "havia pessoas com cargos de relevo no Estado que cometem crimes e que não são punidas por isso. ". Excelente. O CDS-PP pediu logo um inquérito à PGR, o PS também, claro, não lhes interessa minimamente que se manche a honra política (??????) dos encobertos.
Não é que eu ache que o alarmismo é a solução, mas, quanto a mim, estou farta desta sociedade do politicamente correcto e da teoria das pessoas-sérias-ou-nem-por-isso. Os nossos políticos são uma vergonha, veja-se o estado em que temos o país. O processo casa pia, os negócios das universidades, as viagens dos políticos, os perdões fiscais, os envolvimentos em negócios com entidades privadas, etc, etc, etc, tudo abafado assim que se chega a falar num tubarão. Basta desta pouca-vergonha. Ao menos o Bastonário, do alto do seu posto, teve a coragem de cutucar a ferida pustulenta que é a nossa classe política. Bem feita. E as feras sentiram-se... o Dr. Júdice, ainda remoendo a derrota de ver o homem que exonerou há uns anos (de um cargo da Ordem) subir ao seu antigo lugar e passar-lhe a perna com uma maioria de fazer inveja, já veio dizer que este homem vai "dar cabo da Ordem", e mais não sei quê, e chamou-o de populista, comparando-o ao Mussolini e ao Chávez. Pois muito bem, assim seja, que já fazia cá falta alguém sem vocação para lambe-botas dos políticos. Disse, disse muito bem, e já estava na hora de se levantar a voz contra a maré de impunidade. Revolte-se o povo, agaste-se contra quem tudo faz e nada sofre, ponha-se a boca no trombone. Basta de proteccionismo, de favorzinhos e de cunhas. Ouviu, Dr. Júdice? Ainda está em bom tempo de aprender como se representa a Ordem, como se é advogado como deve ser.
Na sua origem, os advogados eram homens honestos que trabalhavam gratuitamente para intervir a favor de quem precisava - os injustiçados, os mais fracos. Pense-se o que se pensar dos advogados hoje em dia, aos advogados compete pugnar pela justiça, embora muitos prefiram pugnar pelo dinheiro e pelo poder, mas enfim. A Ordem representa os advogados, o seu representante pode e DEVE denunciar o que está errado. E este homem fê-lo da forma correcta - falou genericamente aos jornais para lançar a fleuma e incentivar a denúncia, dar o exemplo, e provará certamente tudo o que disse, de forma pormenorizada - no seu devido local - o inquérito.
Uma nota negativa à Maria João Ruela, da SIC: no telejornal, em entrevista ao Bastonário, insistiu em tratá-lo sem a deferência devida: qualquer badameco da treta que vá ao telejornal é tratado por "Dr." e "Eng."; este homem, só porque é do contra, não teve direito a isso apesar do alto cargo que ocupa. Uma falha grave. Até porque o homem, para além de advogado, já era jornalista quando a Maria João ainda andava pelos bancos da escola.

quinta-feira, janeiro 24

Kusturica em Lisboa

Para quem aprecia, um concerto do melhor que há este fim de semana, no Coliseu dos Recreios: Non Smoking Orchestra, liderada pelo famosíssimo Emir Kusturica (Quem não viu o Gato Preto, Gato Branco ???). Música animadíssima, divertidérrima, colorida como poucas, quase um folclore ao estilo actual. O magazine Le Cool (www.lecool.com) diz o seguinte: "Tirem os chapéus do armário. Ponham as rosas no cabelo. Não cortem a unha do dedo e antes de entrar na sala do concerto mandem uma valente cuspidela para o ar".
Parece uma foleirada, mas não é. Quem viu os filmes do Kusturica sabe que até as próprias bandas sonoras faziam rir até cair, a acompanhar as personagens toscas e loucas que ele inventa como poucos.

Pois cá fica: Dia 26 de Janeiro, no Coliseu dos Recreios, Rua Portas de Santo Antão, às 21h30 - preço do Bilhete - 27 €.

terça-feira, janeiro 15

Correr para a inclusão

Realmente, o engenho humano, quando posto ao serviço do bem da Humanidade, pode fazer maravilhas. Em termos de adaptabilidade para os cidadãos portadores de deficiência, pouco se vai fazendo, comparando com aquilo que é investido em inutilidades tecnológicas como, sei lá, robots-cão que andam e fazem au-au sem que cliquemos num botão, ou assim. Ou armas, que é pior.
Oscar Pistorius, sul-africano, foi amputado das duas pernas aos 11 meses. Ok, teve a sorte, e o dinheiro, para poder usar umas próteses de carbono (Cheetah Flex Foot), que lhe permitiram destacar-se de tal forma nos Paralímpicos, que pôde aspirar à competição nos Jogos Olímpicos de Pequim, 2008. No entanto, a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) afastou-o, porque considera que as próteses de Pistorius o colocam em vantagem em relação aos colegas sem deficiência, pois, nas provas a que a IAAF o submeteu, Pistorius foi capaz de correr com as suas lâminas protéticas à mesma velocidade que os velocistas sem deficiências com menos 25 por cento de energia gasta. Assim, a IAAF aplicou a regra da proibição de uso de dispositivos que dêem vantagem sobre os atletas que não usem o mesmo.
Opinião dúbia, neste caso, porque, por um lado, é um atentado à inclusão dos portadores de deficiência; se este rapaz tem capacidade de superar o tabu, e competir ao nível dos Olímpicos, porque não deixá-lo? No entantoe por outro lado, aquelas próteses, já vi num documentário sobre isso, são mais eficientes que as próprias pernas, podem colocar os outros atletas em desvantagem real.
Seja como for, o que se pode retirar daqui é que os portadores de deficiência podem muito bem superar todas as dificuldades, se forem apoiados pelo engenho humano e pela sociedade - inclusive, podem superar as capacidades dos não-deficientes, se os deixarem mostrar isso. Além do mais, as dificuldades que estas pessoas enfrentam diariamente neste país tão pouco adaptado às suas necessidades básicas são a prova da sua força de vontade e capacidade de superação.

sexta-feira, janeiro 4

Vício a quanto obrigas

De volta às lides neste novo ano, que desejo a todos os comparsas da blogosfera seja muito bom, eis quando me deparo com as primeiras notícias do ano, relativas à nova lei que proíbe o fumo em locais fechados.
Por um lado, o facto de estar a ser cumprida, na maioria dos lugares de culto dos fumadores - os cafés - deixou-me mais contente um bocadinho. Por muito que os fumadores se arroguem de direitos que não têm (de satisfazer o seu vício à custa do prejuízo alheio, desculpem-me o desabafo), esta lei é perfeitamente legítima na protecção de quem zela pela sua saúde, e de quem trabalha nestes sítios onde tem que aguentar com os seus clientes-chaminé. Doa a quem doer, acabaram-se os cafés cheios de fumo, o estar a fazer uma refeição com defumadouro incluído, e o péssimo hábito social de fumar "porque se está no café e não se tem mais que fazer às mãos", ou "porque os outros estão todos a fumar". Azarucho, é uma das poucas leis de jeito que saíram da forja do nosso órgão legislativo.
Agora, mal esteve o chefe da ASAE... tanta coisa, e foi dos primeiros a infringir a nova lei cuja aplicação lhe incumbe fiscalizar; ainda por cima, dá uma desculpa esfarrapada e minimiza a questão - algo me diz que algumas fiscalizações menos pacíficas vão buscar o exemplo dado pelo grande chefe...
É o costume, ami
guinhos: Olhai para o que eu digo, não olheis para o que eu faço!, no fundo, é a máxima da política em Portugal...