quinta-feira, julho 26

Afinal foi tudo por amor...

A Figueira da Foz anda num rebuliço (e não é só por causa das tias enrugadas e cor-de-barro que se passeiam pela marginal...). Tudo por causa de um senhor espanhol que entrou nuns quantos bancos para fazer um levantamento, sem ter lá conta, não olhando a meios para atingir fins, inclusive matando guardas civis (espanhóis).
O Currículo do senhor já todos os sabem, não tem dado outra coisa nos telejornais.
No entanto, li n' "As Beiras" de hoje que o móbil desta vida de crime, afinal, era deixar de ser "Solitário": o rapaz, como tantos outros por esse mundo fora (só em Bragança, valha-me Deus...), apaixonou-se por uma brasileira de Ribeirão Preto, São Paulo, e assaltava bancos para poder enviar-lhe quantias de dinheiro periodicamente, e para poder ter uma vida descansada lá no Brasil, comprar a sua casinha, abrir uma empresa dedicada à produção de álcool para automóveis, um tema a que "O Solitário" dedicava bastante tempo ( conforme documentação encontrada na casa do assaltante em Las Rozas, nos arredores de Madrid), enfim, gozar uma reforma do crime ao lado do seu grande amor.
Ao que parece, este assalto da Figueira poderia ser o último da carreira do senhor, uma vez que se preparava para comprar o seu bilhete só de ida para a terra do verde e amarelo.
Os 30 assaltos renderam-lhe 700 mil euros. Nada mau para um novo começo...
Mentira ou não, esta história da brasileira acabará sempre por trazer uma apaziguação dos animos em relação ao criminoso: "Coitado, ele só queria uma nova vida, e a felicidade".
Só que disso andamos todos à procura, e não andamos todos a assaltar bancos e a matar polícias.
E agora, apanhado, vai responder cá por tentativa de assalto, posse ilegal de armas, falsificação de documentos e de chapas de matrícula; depois, sob ordem de Espanha, responderá lá pela imensidade de assaltos e pelos homicídios, pelo menos.
A ser verdade o romance de cordel, daqui a nada está a dizer-se que a culpa é da brasileira, autora moral do crime. E quem sabe... será que ela vem cá visitá-lo à choldra?

sábado, julho 21

Já não se pode confessar ideologias

Estava a ler o jornal esta manhã, e eis que salta à vista a notícia de que o governo não deixará que a lei permita os despedimentos por razões políticas ou ideológicas. Ao que parece, as associações patronais andaram a propor ao governo alterações à Constituição da República Portuguesa (CRP), que no seu artigo 53º prevê que "É garantida aos trabalhadores a segurança no emprego, sendo proibidos os despedimentos sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos. ".
O patronato nega ter proposto o despedimento por razões políticas ou ideológicas, dizendo que apenas pretende a alteração constitucional no sentido de abolir a possibilidade da reintegração do trabalhador no caso de despedimento ilícito sem justa causa. Duas notas a reter acerca disto: o patronato pretende, com isto, ter a possibilidade de despedir os trabalhadores seja porque motivo for, sem ser obrigado a, se a coisa der para o torto (em termos de averiguação da causa invocada - Subsecção III, da secção IV, do capítulo IX do Código do Trabalho), voltar a reintegrá-los. A obrigação centrar-se-ia apenas na indemnização, e todos sabemos os ardis que as empresas inventam para se escapar aos pagamentos - dificuldades económicas, "pagamos para o mês que vem", etc. Ora está bom de ver... se o patrão quiser despedir o trabalhador por conflito ideológico, fá-lo, e diz que é um despedimento sem justa causa. No caso de se tratar de um trabalhador daqueles sindicalistas acérrimos, o patrão livra-se do elemento perturbador na empresa, não terá que voltar a empregá-lo, e apenas tem que lhe pagar.
Uma outra nota é que o Governo se está a preparar para aprovar isto, desviando a atenção para o slogan "Não deixaremos que exista despedimento por razões políticas ou ideológicas!!! Somos uma democracia!!! Só vamos alterar metade do artigo da Constituição!!! " Pois sim senhor Primeiro Ministro, chama-se a isto atirar areia para os olhos das pessoas. Desvia-se a atenção sobre o problema da reintegração com a defesa da liberdade política. O observador mais atento percebe isto, mas tenho dúvidas se o grosso do eleitorado estará realmente alerta para o problema (não deve estar, dado o resultado das últimas eleições em Lisboa, em que se deu a vitória ao lacaio do governo, apesar de tanta crítica...).
Mais: quem não conhece casos em que as pessoas foram despedidas por razões ideológicas ou políticas??? Provar isso é difícil, eu sei. Mas os casos existem e são muitos. O trabalhador, honestamente e algumas vezes sem saber que está a ser inquirido nesse sentido, responde a perguntas de teor ideológico, e quando dá por isso, está metido numa embrulhada qualquer que acaba com o seu despedimento.
Eles andam aí... Para além de o emprego ser escasso, o que existe é precário, na sua maioria. O que ainda não é assim tão precário, a esse cria o governo condições para acabar de vez... DE QUEM é o interesse afinal?

terça-feira, julho 17

A.K.A - O Provedor

Mais um habitante da blogosfera, mais um crítico de costumes, enfim, um distinto cavalheiro que vê muita televisão, mas com o fim altruísta de prover à informação do povo e à crítica (des)construtiva daquilo que entende merecê-lo.
Digno de uma visita.

terça-feira, julho 10

Piropo atrevido

Um tipo passeia-se numa rua do Porto, com a sua namorada. Passam perto de umas obras, e há um trabalhador da construção civil que se atreve a atirar um piropo à rapariga - qualquer coisa como "Linda menina, papava-te toda" (nem o tribunal apurou ao certo o que foi dito). O namorado, zeloso da honra da rapariga, e, indignado com o atrevimento do trolha, interpela-o, perguntando-lhe se precisava de uns óculos. Os trabalhadores da obra ainda lhe perguntaram o que é que ele queria, ele ainda pegou, ameaçadoramente, num pedaço de madeira, e o despique entre uns e outros continuou por uns momentos. Não sabemos quel foi a intervenção da rapariga visada pelo piropo, nem sequer se gostou ou não. Mais tarde, o namorado, ainda enraivecido, entra no restaurante onde almoça o trolha, espeta-lhe uma faca de 24 cm de lâmina na barriga, vingando assim tão vil e condenável atitude do trolha perante o amor da sua vida. Matou o trolha, vingou a honra da sua amada. Depois disto, o empregado do restaurante, amigo do "vingador", lava a arma do crime, e depois junta-a aos outros talheres do restaurande, encobrindo o sucedido. Espero que a ASAE tenha sabido disto.
Ora bem, resultou este drama de faca (literalmente) e alguidar foram 11 anos de prisão para o homicida, e 1 ano, suspenso por 2, para o empregado do restaurante, pelo encobrimento.

Ponto nº 1: o homicida já não era flor que se cheirasse - cadastrado por vários furtos e roubos. Já tinha lidado com a justiça, era um frequentador assíduo dos tribunais. O crime que cometeu, para o Ministério Público, foi um homicídio qualificado, dada a especial censurabilidade - motivo fútil. Punível de 12 a 25 anos. O Colectivo de Juízes condenou-o por homicídio simples, porque foi motivado pelo conflito em si, e não pelo piropo. Isto porque os trolhas, e o atrevido em particular, nada fizeram para evitar o conflito. Ora: os trolhas atiram piropos, de 5 em 5 minutos, às pessoas da rua. Algumas respondem, outras não. Acho que é uma coisa que não choca ninguém, porque ninguém lhe dá importância. Mas acho que ninguém está à espera q uma pessoa vá esfaquear mortalmente um trolha por ter atirado um piropo - ISSO é que não é normal. Se ainda tivesse acontecido, na altura do "conflito", uma rixa, ou qualquer coisa do género, ainda vá. Mas o agressor foi à procura, friamente, do trolha, momentos depois, e esfaqueou-o enquanto almoçava. Eu juntava-lhe premeditação. Até contou com cúmplice e tudo. 11 anos é pouco.

Ponto nº 2: Alguém perguntou à rapariga o que ela achava do assunto? O piropo era para ela, não para o namorado. Também lhe cabia a ela apaziguar as coisas e acalmar os ânimos. Mas não. Provavelmente até incentivou. E essa atitude degenerou no sucedido. O trolha nunca poderia prever que um simples piropo seu pudesse resultar na sua morte.

Ponto nº 3: 11 anos é pouco. Em menos de 5 está cá fora, e ele sabe disso. Daí a atitude descontraída em tribunal. E matou por uma razão estúpida. Matou friamente por causa de um piropo. Um piropo à namorada, que, uma vez que ele vai dentro, provavelmente o vai deixar.

Enfim... o que tenho a dizer é: Trolhas de Portugal, tenham cuidado!

sexta-feira, julho 6

ZERO em Português!

Juro que pensei que não ia falar nisto outra vez. A sério. mas de vez em quando, entra-nos pelas televisões adentro cada aberração, que é impossível ficar calado perante o desconcerto que invade o espírito.
Ora bem - mais uma vez, o "Toca a ganhar" da TVI. Madrugada de 3 para 4 de Julho, mais ou menos pelas 3h. TV cabo a dar seca, e zapping com ela. TVI - lá começa a algaraviada do costume. Como normalmente se trata de um programa que tem o seu "quê" de "deixa lá ver qual é a parvoíce de hoje", deixei começar. Bem, o objectivo era que as pessoas ligassem a dizer nomes de cidades portuguesas que contivessem a letra L. Nada de especial, a não ser a maneira como a pergunta estava exposta no placard (abstraiam-se da data da foto, está errada...):


OK. Pensei assim "Enganaram-se, é humano. Deixa ver quanto tempo levam a corrigir o erro.". Mas não. Até ao final do programa (fui alternando com outros canais, sob pena de estupidificar de vez...), não se alterou o placard - nada!.

Bonito: um placard com as cores da bandeira, o objectivo de nomear cidades portuguesas, e um erro de português, crasso, daqueles. Acho mal. Que comprem os programas à Espanha, pode ser, é a vida... mas pelo menos configurem os dizeres em português. É o mínimo. Já não bastam as patacoadas que a apresentadora lança boca fora, ostentando a sua total inexitência de actividade cerebral... agora isto. Será ela que faz os placards? Não me admirava. Assim, ela faz o concurso sozinha, coitadita, e não está ninguém na régie a ver o que está a ser transmitido. Porque se está... então é grave. Significa que o público a quem se dirige o programa é considerado diminuído intelectualmente, e não merece qualquer tipo de consideração, "vá de deixar os erros, que os broncos que estão a ver nem notam".

Pessoa que é pessoa sente-se ofendida. A TV em Portugal é uma valente porcaria, já o sabemos, mas isto é uma afronta para qualquer português. E isto especialmente no dia em que a TVI anunciou que domina as audiências. É claro que domina. Domina tanto, que já nem se dá ao luxo de ter cuidado com o português. A própria estação televisiva tem tanta consciência do baixo nível cultural da sua audiência, que ainda faz desta mais ignorante do que realmente é.

Sr. Moniz, qualquer pessoa com a 4ª classe sabe que aquilo é um erro crasso de português. Os padeiros, taxistas, enfermeiros, estudantes, guardas nocturnos, recepcionistas, polícias, etc, que trabalham ou estudam durante a noite não são analfabetos. Merecem a nossa consideração, o nosso respeito, e TV de jeito. Se essa é a sua ideia de prover a esta facção da população um concurso e algum entretenimento, ainda há muito a fazer.

E, por favor, para a próxima, tente recrutar apresentadoras que não pareçam transsexuais (com todo o respeito que estes merecem) e que pelo menos tenham feito a escola primária. É fundamental, em televisão, digo eu.

(Desculpem-me os que acham a rapariga alguma coisa de jeito. Eu sei que deve ser difícil recrutar gente de jeito para trabalhar àquelas horas.. mas, caramba, os centros de emprego estão cheios de moças, algumas provavelmente bem mais giras e inteligentes, que fariam um muito melhor trabalho!!!!)