terça-feira, julho 10

Piropo atrevido

Um tipo passeia-se numa rua do Porto, com a sua namorada. Passam perto de umas obras, e há um trabalhador da construção civil que se atreve a atirar um piropo à rapariga - qualquer coisa como "Linda menina, papava-te toda" (nem o tribunal apurou ao certo o que foi dito). O namorado, zeloso da honra da rapariga, e, indignado com o atrevimento do trolha, interpela-o, perguntando-lhe se precisava de uns óculos. Os trabalhadores da obra ainda lhe perguntaram o que é que ele queria, ele ainda pegou, ameaçadoramente, num pedaço de madeira, e o despique entre uns e outros continuou por uns momentos. Não sabemos quel foi a intervenção da rapariga visada pelo piropo, nem sequer se gostou ou não. Mais tarde, o namorado, ainda enraivecido, entra no restaurante onde almoça o trolha, espeta-lhe uma faca de 24 cm de lâmina na barriga, vingando assim tão vil e condenável atitude do trolha perante o amor da sua vida. Matou o trolha, vingou a honra da sua amada. Depois disto, o empregado do restaurante, amigo do "vingador", lava a arma do crime, e depois junta-a aos outros talheres do restaurande, encobrindo o sucedido. Espero que a ASAE tenha sabido disto.
Ora bem, resultou este drama de faca (literalmente) e alguidar foram 11 anos de prisão para o homicida, e 1 ano, suspenso por 2, para o empregado do restaurante, pelo encobrimento.

Ponto nº 1: o homicida já não era flor que se cheirasse - cadastrado por vários furtos e roubos. Já tinha lidado com a justiça, era um frequentador assíduo dos tribunais. O crime que cometeu, para o Ministério Público, foi um homicídio qualificado, dada a especial censurabilidade - motivo fútil. Punível de 12 a 25 anos. O Colectivo de Juízes condenou-o por homicídio simples, porque foi motivado pelo conflito em si, e não pelo piropo. Isto porque os trolhas, e o atrevido em particular, nada fizeram para evitar o conflito. Ora: os trolhas atiram piropos, de 5 em 5 minutos, às pessoas da rua. Algumas respondem, outras não. Acho que é uma coisa que não choca ninguém, porque ninguém lhe dá importância. Mas acho que ninguém está à espera q uma pessoa vá esfaquear mortalmente um trolha por ter atirado um piropo - ISSO é que não é normal. Se ainda tivesse acontecido, na altura do "conflito", uma rixa, ou qualquer coisa do género, ainda vá. Mas o agressor foi à procura, friamente, do trolha, momentos depois, e esfaqueou-o enquanto almoçava. Eu juntava-lhe premeditação. Até contou com cúmplice e tudo. 11 anos é pouco.

Ponto nº 2: Alguém perguntou à rapariga o que ela achava do assunto? O piropo era para ela, não para o namorado. Também lhe cabia a ela apaziguar as coisas e acalmar os ânimos. Mas não. Provavelmente até incentivou. E essa atitude degenerou no sucedido. O trolha nunca poderia prever que um simples piropo seu pudesse resultar na sua morte.

Ponto nº 3: 11 anos é pouco. Em menos de 5 está cá fora, e ele sabe disso. Daí a atitude descontraída em tribunal. E matou por uma razão estúpida. Matou friamente por causa de um piropo. Um piropo à namorada, que, uma vez que ele vai dentro, provavelmente o vai deixar.

Enfim... o que tenho a dizer é: Trolhas de Portugal, tenham cuidado!

3 comentários:

Casemiro dos Plásticos disse...

é o país que temos!
chegar a esse ponto é o cumulo...
bj e um bom fds :9

Mia Olivença disse...

Quando vi a reportagem do julgamento e ouvi a "advogada" de defesa a dizer: "Acho a sentença justa para um jovem que está arrependido" até se me revoltaram as entranhas... Para mim (chamem-me radical) quem mata desta forma vil, devia ficar preso para sempre sem conforto e a pão e água, sem hipotese de recurso, nem perdão... a pena de morte é algo demasiado fácil e rápido para os asssassinos...

Gostei do post... está muito bom.

Klatuu o embuçado disse...

Sim, 11 anos é pouco. Mas não esqueçamos que continua a haver em quem julga uma «velha mentalidade» machista.