O Público Online de hoje noticiava a resposta a esta notícia da morte do paciente que seguia na ambulância que foi mandada parar pela BT da GNR. Mas, estranhamente, a resposta não vinha da GNR, mas sim do Presidente dos Bombeiros dos Arcos de Valdevez, que assaca responsabilidades apenas ao centro de saúde, por erro na triagem, e por ter chamado uma empresa privada de ambulâncias para transportar o doente ao hospital de Ponte de Lima, sendo esta, por sua vez, ainda responsável por não ter as ambulâncias adequadas para fazer as emergências: "Para o presidente dos Voluntários de Arcos de Valdevez, Luís Sá, a BT "apenas fez o seu papel", já que "viu uma ambulância do tipo A-1, que não pode fazer urgências, com as luzes de emergência ligadas e alegadamente a cometer algumas infracções ao Código da Estrada e mandou-a parar, para ver o que se estava a passar". "A mim parece-me que os principais responsáveis são o centro de saúde, que terá feito uma má triagem e uma má escolha do transporte para a transferência do doente, e a empresa privada, que aceitou fazer um serviço para o qual sabe que não tem competência", referiu Luís Sá. ", rezava o artigo do Público. Ora, demasiado indignada com este senhor por estar a meter o bedelho onde não era chamado, pois não era da família do senhor que morreu nem as ambulâncias eram suas, apenas se deduzindo que deve ter quota na GNR, enviei um e-mail para ele (bvavv@sapo.pt, para vossa informação), para lhe dar conta da minha opinião, como é meu direito. O meu e-mail dizia o seguinte: "Ex.mo Senhor Presidente dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez
Depois de ler, hoje, uma notícia do Jornal “Público” que dava conta das suas declarações acerca do incidente que culminou com a morte de um paciente, após ordem de paragem dada à ambulância pela BT da GNR, no seu trajecto para Ponte de Lima, não posso deixar de lhe exprimir o desapontamento que é ver um responsável de um corpo de bombeiros mostrar tal subserviência às forças da autoridade, e ainda tal sobreposição dos próprios interesses aos interesses da saúde pública e da vida dos utentes das ambulâncias.
O Sr. Presidente assaca responsabilidades a um centro de saúde e a uma empresa privada provavelmente porque o serviço de transporte do paciente não foi solicitado à sua corporação de bombeiros, mas sim a uma empresa privada. Estará no seu direito de pensar o que quiser, assim como eu estou no meu direito de lhe dizer o que penso, mas, de facto, parece-me um motivo não mais do que comezinho.
Decerto saberá, e se não sabe, é realmente vergonhoso, que QUALQUER viatura pode transitar em marcha de emergência, devidamente sinalizada, quer seja um carro particular, um táxi, ou ambulância, seja de que tipo for. A GNR pode e deve mandar parar a viatura em caso de observação de possível infracção, mas o seu dever é, assim que identifica a emergência, libertar a viatura que segue em emergência, de IMEDIATO, ou até escoltá-la até aos seu ponto de destino. Mais, caso, se verifique qualquer tipo de infracção, a GNR deve apontar a matrícula da viatura, e só a posteriori agir em conformidade. Mais até – o condutor da ambulância podia até nem ter parado face à ordem da GNR, pois justificaria facilmente essa transgressão com a emergência em que seguia.
O que está em questão, Sr. Presidente, é salvaguardar a vida do utente que segue em perigo de vida, e esta é um direito constitucional que sobrevale a qualquer contra-ordenação; fazer como fizeram aqueles agentes da GNR, é considerado omissão de auxílio, é crime, pois verificaram da veracidade da emergência e optaram por impedir o seguimento da ambulância, retendo-a 20 minutos.
Assim, a família do falecido tem TODO o direito de responsabilizar, criminal e disciplinarmente aqueles agentes, pois mostraram desrespeito quer por valores constitucionais, quer por regras penais e disciplinares.
Quanto ao Sr. Presidente, demonstra com as suas declarações à comunicação social, falta de conhecimento acerca deste tipo de valores, o que é inaceitável para uma pessoa que ocupa o cargo que V. Ex.cia ocupa – como presidente dos bombeiros Voluntários, cuja função primordial é salvaguardar a vida humana. Ademais, misturar com estes valores assuntos que mais têm a ver com as diferenças que existem entre si e outras instituições, é, permita-me dizer, no mínimo, mesquinho.
Com os melhores cumprimentos, "
Ofendi alguém? Não me parece. Olhem a resposta pronta que me mandaram, sem assinar sequer, e em maiúsculas e tudo:
"De: bvavv@sapo.pt [mailto:bvavv@sapo.pt]
Enviada: terça-feira, 18 de Setembro de 2007 19:16
Assunto: DESASTRADO TEXTO
EXMA SRA.
DEVE DIZER AQUILO QUE BEM ENTENDE, NÃO DEVE É PROVOCAR AS PESSOAS QUE DÃO MUITAS HORAS DAS SUAS VIDAS E COM SACRIFICIO DA PRÓPRIA FAMILIA, PARA SERVIR, VOLUNTÁRIAMENTE, TODA A COMUNIDADE.
SE DISSE O QUE DISSE, ASSUMO AS MINHAS RESPONSABILIDADES, COM CONHECIMENTO DE CAUSA, A SRA NÃO É NINGUEM PARA DIZER O QUE PENSA, SE NÃO SABE O QUE SE PASSA...
SE É INTELIGENTE, QUE DUVIDO, PENSE ....UMA PESSOA ENTRA EM DOIS HOSPITAIS, ESTEVE HORAS À ESPERA, MORRE, E ACULPA É DA B.T."
Bem, parece que o senhor presidente, se é que foi ele que respondeu, ficou ofendido. como não sou de me ficar, respondi-lhe da seguinte maneira:
"Caro senhor,
Com o devido respeito, a sua resposta confirma o que eu lhe disse.
As suas declarações, na posição que ocupa e de acordo com as responsabilidades sociais que tem, deveriam, a existir, ser imparciais, e sem qualquer tomada de partido – para si, o mais importante deveria ser a salvaguarda da vida humana, independente de quem é culpado ou não.
O facto de presidir a uma corporação de serviço voluntário (com todo o mérito que lhe é devido) não lhe atribui a faculdade de salvaguardar a posição de determinada entidade em detrimento de outras, especialmente quando a sua não se encontra envolvida, pelo menos publicamente.
Mais uma vez afirmo que, ao prestar estas declarações à comunicação social num assunto que não lhe dizia directamente respeito, não agiu de acordo com a sua posição e as suas responsabilidades.
Com certeza a GNR deverá ter departamento jurídico suficiente para defender a posição daqueles agentes, sem ser necessário ser o presidente dos Bombeiros Voluntários dos Arcos de Valdevez a tomar a cargo essa função.
Reitero: a BT, a meu ver, é culpada de não ter agido em conformidade com o código deontológico policial e ética profissional que lhes é exigida. No mínimo.
Aconselho-o a ler os comentários às suas declarações n’O Público, para saber o que pensa a maioria da comunidade que o senhor diz que serve tão arduamente:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1305164&idCanal=59&showComment=1#commentariosNo seu caso, “a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro” .
Com os melhores cumprimentos,
Acredito que me volte a responder, até porque não me parece a primar pela sensatez, senão tinha ficado calado em vez de mostrar a todos a dor de cotovelo porque o centro de saúde chamou um serviço privado em vez dos bombeiros. Isto numa situação em que morreu uma pessoa porque demorou 30 minutos a chegar ao hospital, em vez de 10 minutos como deveria ter sido, POR CAUSA DA GNR, SIM SENHOR!!!. Seja de quem for a culpa, um representante dos bombeiros devia ter aquela morte em conta, respeitá-la e à dor da família, e não aproveitá-la para fazer chicana contra quem lhe apetece.
Ou então este senhor é advogado e vai patrocinar a defesa dos agentes da GNR.... isso já não sei... sei é que é capaz de se safar de umas multas nos próximos tempos com a cantilena do "eu estou por vocês, senhores guardas", lá isso é.