A vítima, com 54 anos, residente em Arcos de Valdevez, sentiu uma forte dor no peito na quinta-feira e foi transportada pela mulher ao Centro de Saúde daquele concelho. Foi então chamada uma ambulância para o transferir para o hospital de Ponte de Lima, numa viagem de aproximadamente 15 minutos.
«Em plena A28, a Brigada de Trânsito mandou parar a ambulância. Pediram documentos, fizeram o teste de alcoolemia por duas vezes ao condutor e perderam-se em formalidades, retendo ali a ambulância cerca de 20 minutos», explicou à agência Lusa o cunhado da vítima, Cesário Gomes.
Depois da paragem, «a Brigada seguiu a ambulância para se assegurar, junto do hospital, se o caso era, ou não, urgente» e assim determinar a autuação pela utilização das luzes de emergência. «Acabou por não autuar», disse a mesma fonte. Já o paciente morreu poucos minutos depois.
Quem é que nunca foi sujeito ao despotismo bacoco dos guardas da BT da GNR? Quase toda a gente já passou por isso. Perdoem-me os profissionais mais diligentes desta área, se os houver, mas, de facto, ainda que se entenda que o policiamento das estradas e a punição dos infractores são necessários, o cidadão comum é amiúde confrontado com estes senhores de calça justa, bota de cano alto de chapéu de marinheiro, plenos da arrogância própria do seu estatuto de bronco a quem foi dada uma farda e um carro topo de gama para conduzir, tudo a expensas de todos nós.
Nunca fui multada, não senhor. Mas já parei muitas vezes para confraternizar com estes senhores, evidentemente contra a minha vontade. Sempre me perguntei como é que estes tipos escolhiam os carros para mandar parar. Bem, em Albufeira (e em todo o país, provavelmente…), ou mandam parar os conhecidos, para receberem a sua gorjazinha costumeira, ou mandam parar carros de empresas, para ver se COMEÇAM a receber a mesma gorjazinha. Fora isso, e fora as operações STOP em rotundas, em que pára TODA A GENTE, nunca percebi o critério deles. Deve ser ao calhas.
Esta notícia choca qualquer um com o mínimo de sensibilidade. Mandar parar uma ambulância que vai a sinalizar emergência já é burrice. Depois, estar 20 minutos a engonhar depois de saber que está um paciente dentro da ambulância, isso então já é crime. Em menos de 20 minutos se nasce, em menos de 20 minutos se morre, e este senhor morreu por causa da negligência criminosa dos broncos da BT. E, ainda assim, os energúmenos ainda foram atrás da ambulância até ao Hospital de Ponte de Lima, só para conferir se era mesmo uma urgência. ERA mesmo. Acabaram por não multar, afinal… O que pensariam quando souberam, minutos depois, que o paciente morrera? Sentiriam a culpa, a angústia de terem causado uma morte? Duvido. Provavelmente, fizeram como sempre fazem quando tramam alguém: o esgarzinho irónico ao canto da boca, e a expressãozinha de desprezo “Azar”.
A família da vítima vai a tribunal com isto, e muito bem. Este excesso de zelo, este homicídio negligente, esta omissão de auxílio, esta mostra de infinita ignorância e falta de respeito para com a vida humana têm que ser punidas, criminal e disciplinarmente. O mais rápido possível. A filha da vítima, uma menina de 15 anos com paralisia cerebral, agora orfã de pai, merece isso.
2 comentários:
Pois é... o pior é que já não é a primeira vez que estas situações acontecem...
Será que a BT tem o o "sindrome do tinoni azul"???...
Que terá passado por aquelas cabeças iluminadas para pararem uma viatura em marcha de urgencia???
AH!!! Fazer o teste do alcool? leva-nos a pensar PORQUE acharam que o condutor de um veículo prioritário em urgencia estaria bêbado, onde teriam ido buscar tal ideia?... Pois...
Que é que vocês queriam, que eles perseguissem antes, os assaltantes perigosos armados até aos dentes, os bandos de ciganada que circulam sem carta sem seguro sem nada, os tuningparvos sempre a 300 ou os senhores politicos sempre cheios de pressa, claro que não, a ambulância é muito mais seguro, porque pelo menos pára e obedede aos senhores guardas.Boa semana.
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