segunda-feira, novembro 19

Do pó ao pó (de uma maneira ou de outra)


Detesto velórios. Funerais, pior ainda, especialmente se for de gente conhecida, ou da família. Ver gente morta, coberta por um pano ou um vidro, no meio dos entrefolhos do cetim de um caixão é, no mínimo, de tirar o sono nessa noite.
Realmente, entende-se o porquê de, nos primórdios, os nossos antepassados optarem por enterrar os mortos, pois, por um lado, os cadáveres em putrefacção nunca foram bons vizinhos, e, por outro lado, ninguém gostaria de ver um ente querido a ser devorado por abutres, minhocas ou coisa pior.
Depois, sempre ficam ali os restos mortais, guardados num jardim mais ou menos bonito, consoante os casos, para lá irmos prestar homenagem e fazer uma visitinha. Mas, de facto, com tanta gente a morrer por aí, daqui a uns anos não há terrenos para cemitérios, especialmente se a construção não parar - e a menos que se inicie a construção de condomínios para a vida eterna, isto é, cemitérios de luxo: aí, onde vão enterrar-se os nossos mortos?
Na minha terra, um de cujus que não seja velado em casa é um triste que nem casa tem de jeito - para mim, são famílias que tem juízo, e depositam os seus falecidos na capela, não tendo que viver o resto da vida com a imagem daquela pessoa morta, ali na sala.
E depois, o ritual todo, o enterro, a procissão ao cemitério... arrepia-me.
É notícia do Publico que as cremações aumentaram radicalmente (4 vezes) em Lisboa, nos últimos 10 anos, e a tendência é nacional. Gente com juízo, também. E sempre se pode levar o potinho das cinzas para por em cima da lareira, e prestar homenagem todas as manhãs ao pequeno almoço.

domingo, novembro 18

Indignação

Por obra da minha cara amiga MIA (Obrigada, Mia), chegou ao meu e-mail esta carta de um cidadão português ao ministro das Finanças, que espelha a indignação face à nova política do governo na atribuição de capacidade para o trabalho a pessoas com doenças graves e totalmente incapacitantes:

"Ex.mo Senhor Ministro das Finanças

Victor Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste País,
com o número de B.I. 8388517, do Arquivo de identificação de Lisboa,
contribuinte n.º152115870 vem por este meio junto de V.Ex.a para lhe fazer
uma proposta:


A minha Esposa, Maria Amélia Pereira Gonçalves Sampaio Cerqueira, foi vítima
de CANCRO DE MAMA em 2004, foi operada em 6 Janeiro com a extracção radical
da mesma.


Por esta "coisinha" sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma
incapacidade de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha
usufruído de alguns benefícios fiscais.
Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA, que
confirmam que para si o CANCRO é uma questão de só menos importância.
Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente, querer que para o ano
seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer um que ganhe um pouco mais
do que o salário mínimo, venho propor a V. Ex.ª o seguinte:
a) a devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Ex.ª que, com os meus
cumprimentos o dará à sua Esposa ou Filha.
b) Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua
Esposa ou Filha ainda:
c) os seis (6) tratamentos de quimioterapia.
d) os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.
e) a angustia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.
f) os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que orientar
o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).
g) ansiedade com que são acompanhados estes exames.
h) A angústia em que vivemos permanentemente.
Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha
Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios fiscais de
que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo para o fazer.
Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo, a sua
Esposa ou filha também estarão de acordo.
Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V.Ex.a que darei
conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República, agradecendo
fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e a medidas como
esta e também o aumento de impostos aos reformados e outras...
Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta
como muito bem entender.
Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e por
isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso desejar que
Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.


Atentamente> 19/Outubro/2007> Victor Lopes da Gama Cerqueira"

terça-feira, novembro 13

Já não se pode dizer nada... V

Isto hoje está muito produtivo, deve ser por ser dia 13... mas prometo que esta é a ultima.

José Rodrigues dos Santos, pivot do canal Estatal, revelou há uns tempos que tinha havido umas irregularidades num tal concurso de admissão de jornalistas, irregularidades estas a que se pode chamar cunha, uma vez que a jornalista seleccionada pelo conselho de Administração foi a 4ª classificada... uma coisa já decorrida em 2004. Falou demais, pelo visto, porque a Administração da RTP lançou mão de um processo de despedimento com justa causa contra ele.
Perde a RTP...

Como disse, Professor????

"Deve considerar-se constitucionalmente infundada e politicamente errada a qualificação dos juízes como funcionários ou trabalhadores da administração pública."
Vital Moreira, Público

Este senhor até foi meu professor, mas, que diabo lhe passou pela cabeça para dizer uma coisa destas??? Décadas de luta pela igualdade das partes processuais, e vem agora dizer que, ai e tal, os senhores juízes estão acima da plebe de trabalhadores da Administração Pública?? Porquê? Não recebem salário, como os outros? Recebem. Não têm sindicatos, como os outros? Têm. Não têm regalias sociais, como os outros? Oh, se têm. Ok, o regime disciplinar deles é menos... incisivo... mas o dos outros, ao fim e ao cabo.. também!!! Só falta dizer que os senhores juízes estão acima da lei... que até é o que mais parece... Prof. V.M., agora desiludiu-me (e ele que se rala com isso, mas pronto, desiludiu-me).
Sorry, colegas e amigos que hoje são juízes em início de carreira - mas tinha que dizer isto.

Já não se pode dizer nada...IV

Desta vez foi no país de nuestros hermanos... dois cartoonistas abusaram da sorte e desenharam sua alteza o Príncipe em pleno acto de concubinato com a sua realíssima esposa, e olhem no que deu. Só não percebo se a Família Real se ofendeu com o facto de alguém pensar que eles tem destas coisas como os comuns mortais, ou se foi por transparecer no desenho que Sua Alteza Real não faz nenhum (O personagem do cartoon dizia que se a sua parceira engravisasse de novo, seria como que o seu único trabalho, dada a política do governo espanhol prever a atribuição de 2500 € por cada bébé nascido no país). ..

Prefiro esperar pela cópia pirata

NÃO VOU VER O FILME ao cinema, está claro. Não engordarei nem em um cêntimo a conta bancária dessa senhora, que tem muito bom corpo para trabalhar, lá no bar de alterne de onde nunca devia ter saído, ou melhor, de onde o Pintinho nunca a devia ter tirado.
Portista como sou, nunca poderia compadriar com esta tipa a quem não chegou a estabilidade de um apartamento pago e um BMW. Queria mais, queria o jet set, queria a ribalta e ser uma senhora. Qualquer alternadeira ambiciona encontrar um papalvo que lhe pague as contas e lhe dê uma vida confortável. Esta não. Esta queria muito mais que isso, queria aparecer na Maria e na Lux Woman, fazer fotografias na mansão que outros pagaram, armar ao fino, vestir visons, ir a festas do High Society e viajar pelo mundo à pato, para depois ir lá ao bar de alterne mostrar às bielorussas e às brasileiras as fotografias que tirou na terra delas.
O Pintinho, coitado, peca por gostar deste tipo de mulher rasca. Uma pena. Já se deve ter arrependido milhões de vezes de ter levado esta para casa. Qualquer cão vadio agradece a mão que lhe dá conforto, esta tipa mordeu essa mão, cuspiu no prato que comeu e ainda se arroga ares de justiceira e paladina dos bons costumes!!!
O que esta tipa quer não é a moralização do futebol, está a borrifar-se para isso; é ficar na ribalta, é não ser esquecida após o Pintinho se ter fartado dela, é continuar a ser convidada para os eventos, é ser uma vedeta. E o que me irrita mais é que está a conseguir...
Quanto ao filme, está cheio de bons actores, mas deviam ter arranjado uma actriz mais velha, mais feia e mais foleira para fazer o papel da alternadeira. Assim prejudica-se o realismo da coisa. Sobretudo, deviam ter-lhe dado outro nome!!!!
Verei o filme, decerto, mas aguardo pela cópia pirata. Perdoem-me os actores, são os únicos que respeito, porque os restantes também são uma camada de oportunistas. Nem mais um cêntimo para essa aproveitadora, para que caia de uma vez no esquecimento.
Corrupção no futebol, essa sempre houve, sempre vai haver, haja quantos processos houver. Foi novidade para alguém? E o Pintinho não é, de longe, o único. deixem de pagar cotas dos clubes, deixem de pagar bilhetes de jogos, deixem de comprar camisolas oficiais, deixem de patrocinar. Assim, acabarão com a corrupção, e, já agora, com os salários milionários desses
sugadores emproados dos jogadores.
Desculpem lá... mas é que isto irrita-me mesmo.

quinta-feira, novembro 8

Já não se pode dizer nada... III

E desta vez é com o Tribunal de Contas, que deixou escapar ao "Sol" informação sobre o resultado, ainda não publicado, de uma auditoria às contas das Estradas de Portugal, que pelo visto são mais um monstrinho sugador de dinheiros públicos para benefícios mais privados que públicos.... e ainda dizem que dão prejuízo!!
Já para não falar nos funcionários de instituições obrigadas a segredo profissional, que se vendem aos jornalistas como rameiras de beira de estrada...
Eu já não sei o que é pior - saber ou não saber, eis a questão.

quarta-feira, novembro 7

Como se engorda o porco deles

Eu pago a minha casa, tu também pagas, eles pagam o carro, nós pagamos o computador, vós pagais a mobília da sala, eles pagam ainda a máquina de lavar roupa. É assim que se conjugam verbos como o "Crédito à habitação", "Leasing" e "Crédito pessoal", entre outros. A classe média, média-baixa, e até mesmo média-alta, vivem este terror diário de contar tostões para conseguir pagar todos os malfadados empréstimos que se vão contraindo para fazer face à desgraceira que é o custo de vida que temos. Oferecem-nos dinheiro pelos olhos dentro, os bancos. É tudo tão fácil, como assinar o nosso nome num papel. E assinamos, depois, todos os meses nos vamos apercebendo de mais alguma coisita que não nos explicaram, ou não quisemos ouvir, e que é menos boa para nós. E a prestação cai. As prestações todas, para quem recorre muito, por vício ou por necessidade, ao crédito.
Duas classes ficam de fora - a classe alta, que não tem qualquer problema, pois, recorrendo muito ao crédito como é seu hábito, se não pagar, ninguém chateia, e ainda oferecem mais créditos aprovados (veja-se o caso do filho do Jardim Gonçalves... ele sim, tem pais ricos, não precisou do BES, resolveu o problema no BCP). A Classe baixa, essa, divide-se em duas: a que vive de expedientes e do rendimento mínimo, à custa do que todos nós andamos a pagar, recusando-se a trabalhar, porque é sempre melhor ter tempo para gastar o dinheiro do subsídio, e a que trabalha precariamente, ganha e vive mal, a quem os bancos recusam sequer que se sentem nas cadeiras do atendimento para créditos... Esses não tem empréstimos para pagar Terão outros problemas. Mas o que é vergonhoso é esta promiscuidade dos bancos em facilitar tudo para se ir buscar um cliente para crédito, para depois o esfolar vivo durante uma data de anos, sugando-o até ao tutano, muitas vezes deixando-o na miséria. O cliente incauto cai nisto, mas o mais experiente acaba por cair também. O consumismo, a fraca qualidade e pouca durabilidade dos bens que se compram, mesmo dos mais caros, as exigências sociais, etc, etc, etc, obrigam a recorrer ao crédito para fazer face à despesa que não se consegue pagar a pronto... Custa tão pouco como só o dobro daquilo que se pede. E para quê? Para isto. Lucros astronómicos para os Bancos. É o nosso dinheiro, meus caros, que vai engordando os porquinhos deles, e esmifrando os nossos.