segunda-feira, janeiro 28

Já não se pode dizer nada...VI, ou Temei, intocáveis barões da nossa nação

R-e-b-o-l-e-i de satisfação com as declarações do novo Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. António Marinho e Pinto, sobre a corrupção política no nosso país, e a impunibilidade dos nossos intocáveis barões. O homem disse simplesmente aquilo que todos nós pensamos: que "havia pessoas com cargos de relevo no Estado que cometem crimes e que não são punidas por isso. ". Excelente. O CDS-PP pediu logo um inquérito à PGR, o PS também, claro, não lhes interessa minimamente que se manche a honra política (??????) dos encobertos.
Não é que eu ache que o alarmismo é a solução, mas, quanto a mim, estou farta desta sociedade do politicamente correcto e da teoria das pessoas-sérias-ou-nem-por-isso. Os nossos políticos são uma vergonha, veja-se o estado em que temos o país. O processo casa pia, os negócios das universidades, as viagens dos políticos, os perdões fiscais, os envolvimentos em negócios com entidades privadas, etc, etc, etc, tudo abafado assim que se chega a falar num tubarão. Basta desta pouca-vergonha. Ao menos o Bastonário, do alto do seu posto, teve a coragem de cutucar a ferida pustulenta que é a nossa classe política. Bem feita. E as feras sentiram-se... o Dr. Júdice, ainda remoendo a derrota de ver o homem que exonerou há uns anos (de um cargo da Ordem) subir ao seu antigo lugar e passar-lhe a perna com uma maioria de fazer inveja, já veio dizer que este homem vai "dar cabo da Ordem", e mais não sei quê, e chamou-o de populista, comparando-o ao Mussolini e ao Chávez. Pois muito bem, assim seja, que já fazia cá falta alguém sem vocação para lambe-botas dos políticos. Disse, disse muito bem, e já estava na hora de se levantar a voz contra a maré de impunidade. Revolte-se o povo, agaste-se contra quem tudo faz e nada sofre, ponha-se a boca no trombone. Basta de proteccionismo, de favorzinhos e de cunhas. Ouviu, Dr. Júdice? Ainda está em bom tempo de aprender como se representa a Ordem, como se é advogado como deve ser.
Na sua origem, os advogados eram homens honestos que trabalhavam gratuitamente para intervir a favor de quem precisava - os injustiçados, os mais fracos. Pense-se o que se pensar dos advogados hoje em dia, aos advogados compete pugnar pela justiça, embora muitos prefiram pugnar pelo dinheiro e pelo poder, mas enfim. A Ordem representa os advogados, o seu representante pode e DEVE denunciar o que está errado. E este homem fê-lo da forma correcta - falou genericamente aos jornais para lançar a fleuma e incentivar a denúncia, dar o exemplo, e provará certamente tudo o que disse, de forma pormenorizada - no seu devido local - o inquérito.
Uma nota negativa à Maria João Ruela, da SIC: no telejornal, em entrevista ao Bastonário, insistiu em tratá-lo sem a deferência devida: qualquer badameco da treta que vá ao telejornal é tratado por "Dr." e "Eng."; este homem, só porque é do contra, não teve direito a isso apesar do alto cargo que ocupa. Uma falha grave. Até porque o homem, para além de advogado, já era jornalista quando a Maria João ainda andava pelos bancos da escola.

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