PEPAP - A fraude

Mudando radicalmente de assunto: para quem não sabe, ou não ouviu as últimas notícias sobre isto, o PEPAP (Programa de Estágios Profissionais da Administração Pública) iniciado no ano passado, albergou nos serviços públicos muitos licenciados, o que pareceu muito bem aos olhos do povo, pois foi uma medida que fez o governo encher a boca para dizer que tinha reduzido o desemprego dos licenciados. Ora, resolver (temporariamente) o desemprego com o dinheiro dos outros, também eu - os ordenados - bolsas de estágio mais subsídio de alimentação - foram pagos integralmente com fundos europeus, o que faz com que o Estado tenha tido ao serviço pessoas válidas, qualificadas e capazes, a custo zero. A desculpa para ir buscar o financiamento foi a "necessidade de ténicos". Pelo visto, a malta devia ter trabalhado menos - o trabalho deve estar todo feito, e os técnicos JÁ NÃO SÃO PRECISOS.

A isto quase que se pode chamar burla, dado que o Estado desculpou-se com essa da necessidade de técnicos, que claramente continua a ter, mas no fundo quis foi buscar os dinheiros da formação (deficiente que foi, a formação....) das bolsas e eteceteras e tais, e ainda mão de obra escrava - grátis.

O mais engraçado disto tudo é que, ao passo que lá para a Europa, o estado se deve ter esmifrado a almejar os fundos, dizendo que precisava MESMO das pessoas, cá para os estagiários foi sempre a conversa do: "eh, pá, vocês só estão aqui de passagem, e estão com muita sorte, porque é um privilégio trabalhar na função pública, nem que seja só por um bocadinho".

Grande coisa. No país em que vivemos, ganhar o salário minimo é um privilégio. BAH.

Os serviços continuam uma porcaria, está gente a mais que não trabalha, falta gente que trabalhe. Os estagiários lutaram que nem doidos para mostrarem o que valem, e muitos provaram que valem mais do que muitos colegas no serviço há muitos anos. Mostraram que fazem falta, mostraram que podem ser úteis. Há falta de técnicos, sim senhores, mas o Estado, que há um ano apregoou a cura para o desemprego, afinal, vendeu a banha da cobra - este ano, manda toda a gente para lá de volta.

Mais caricato ainda - o regime dos estágios publicitou-se como isento de impostos (IRS e Seg Social). As Finanças, claro, vieram logo em cima dizer que afinal tinha que se fazer retenção na fonte de IRS às bolsas de estágio - que fortuna que estão são - porque tinha q ser, e ainda sonegaram posteriormente informação do site da DGCI (nas FAQ's), que indicava a isenção - não fosse alguém usar isso contra eles.... Pior - a isenção de contribuição à segurança social faz com que a malta toda vá para a rua sem sequer poder receber subsídio de desemprego. Lindo - ora, sabendo que, liquidado o irs, a maior parte da malta vai receber o que reteve, que interesse há em descontar para as finanças??? interesse seria descontar, pelo menos para a Segurança Social, para contar como antiguidade (reforma) e para o desemprego!!! Muito bem...

Em suma - os PEPAP's não tiveram direito a um dia que fosse de férias (os estágios do IEFP de 12 meses todos têm...), descontaram para o irs, não têm direito a subsídio de desemprego, trabalharam como técnicos superiores, e receberam pouco mais de metade do que estes ganham. e ainda tem que ouvir que tiveram muita sorte em trabalhar para o Estado, que isso é que é uma mais valia...

Enfim, é o país que temos. Para acompanhar a questão - www.ge-pepap.blogspot.com