terça-feira, setembro 18

... mas o sr. presidente dos bombeiros diz que a culpa não é da BT

O Público Online de hoje noticiava a resposta a esta notícia da morte do paciente que seguia na ambulância que foi mandada parar pela BT da GNR. Mas, estranhamente, a resposta não vinha da GNR, mas sim do Presidente dos Bombeiros dos Arcos de Valdevez, que assaca responsabilidades apenas ao centro de saúde, por erro na triagem, e por ter chamado uma empresa privada de ambulâncias para transportar o doente ao hospital de Ponte de Lima, sendo esta, por sua vez, ainda responsável por não ter as ambulâncias adequadas para fazer as emergências: "Para o presidente dos Voluntários de Arcos de Valdevez, Luís Sá, a BT "apenas fez o seu papel", já que "viu uma ambulância do tipo A-1, que não pode fazer urgências, com as luzes de emergência ligadas e alegadamente a cometer algumas infracções ao Código da Estrada e mandou-a parar, para ver o que se estava a passar". "A mim parece-me que os principais responsáveis são o centro de saúde, que terá feito uma má triagem e uma má escolha do transporte para a transferência do doente, e a empresa privada, que aceitou fazer um serviço para o qual sabe que não tem competência", referiu Luís Sá. ", rezava o artigo do Público.
Ora, demasiado indignada com este senhor por estar a meter o bedelho onde não era chamado, pois não era da família do senhor que morreu nem as ambulâncias eram suas, apenas se deduzindo que deve ter quota na GNR, enviei um e-mail para ele (bvavv@sapo.pt, para vossa informação), para lhe dar conta da minha opinião, como é meu direito. O meu e-mail dizia o seguinte:
"Ex.mo Senhor Presidente dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez
Depois de ler, hoje, uma notícia do Jornal “Público” que dava conta das suas declarações acerca do incidente que culminou com a morte de um paciente, após ordem de paragem dada à ambulância pela BT da GNR, no seu trajecto para Ponte de Lima, não posso deixar de lhe exprimir o desapontamento que é ver um responsável de um corpo de bombeiros mostrar tal subserviência às forças da autoridade, e ainda tal sobreposição dos próprios interesses aos interesses da saúde pública e da vida dos utentes das ambulâncias.
O Sr. Presidente assaca responsabilidades a um centro de saúde e a uma empresa privada provavelmente porque o serviço de transporte do paciente não foi solicitado à sua corporação de bombeiros, mas sim a uma empresa privada. Estará no seu direito de pensar o que quiser, assim como eu estou no meu direito de lhe dizer o que penso, mas, de facto, parece-me um motivo não mais do que comezinho.
Decerto saberá, e se não sabe, é realmente vergonhoso, que QUALQUER viatura pode transitar em marcha de emergência, devidamente sinalizada, quer seja um carro particular, um táxi, ou ambulância, seja de que tipo for. A GNR pode e deve mandar parar a viatura em caso de observação de possível infracção, mas o seu dever é, assim que identifica a emergência, libertar a viatura que segue em emergência, de IMEDIATO, ou até escoltá-la até aos seu ponto de destino. Mais, caso, se verifique qualquer tipo de infracção, a GNR deve apontar a matrícula da viatura, e só a posteriori agir em conformidade. Mais até – o condutor da ambulância podia até nem ter parado face à ordem da GNR, pois justificaria facilmente essa transgressão com a emergência em que seguia.
O que está em questão, Sr. Presidente, é salvaguardar a vida do utente que segue em perigo de vida, e esta é um direito constitucional que sobrevale a qualquer contra-ordenação; fazer como fizeram aqueles agentes da GNR, é considerado omissão de auxílio, é crime, pois verificaram da veracidade da emergência e optaram por impedir o seguimento da ambulância, retendo-a 20 minutos.
Assim, a família do falecido tem TODO o direito de responsabilizar, criminal e disciplinarmente aqueles agentes, pois mostraram desrespeito quer por valores constitucionais, quer por regras penais e disciplinares.
Quanto ao Sr. Presidente, demonstra com as suas declarações à comunicação social, falta de conhecimento acerca deste tipo de valores, o que é inaceitável para uma pessoa que ocupa o cargo que V. Ex.cia ocupa – como presidente dos bombeiros Voluntários, cuja função primordial é salvaguardar a vida humana. Ademais, misturar com estes valores assuntos que mais têm a ver com as diferenças que existem entre si e outras instituições, é, permita-me dizer, no mínimo, mesquinho.
Com os melhores cumprimentos,
"
Ofendi alguém? Não me parece. Olhem a resposta pronta que me mandaram, sem assinar sequer, e em maiúsculas e tudo:
"De: bvavv@sapo.pt [mailto:bvavv@sapo.pt]
Enviada: terça-feira, 18 de Setembro de 2007 19:16
Assunto: DESASTRADO TEXTO

EXMA SRA.
DEVE DIZER AQUILO QUE BEM ENTENDE, NÃO DEVE É PROVOCAR AS PESSOAS QUE DÃO MUITAS HORAS DAS SUAS VIDAS E COM SACRIFICIO DA PRÓPRIA FAMILIA, PARA SERVIR, VOLUNTÁRIAMENTE, TODA A COMUNIDADE.
SE DISSE O QUE DISSE, ASSUMO AS MINHAS RESPONSABILIDADES, COM CONHECIMENTO DE CAUSA, A SRA NÃO É NINGUEM PARA DIZER O QUE PENSA, SE NÃO SABE O QUE SE PASSA...
SE É INTELIGENTE, QUE DUVIDO, PENSE ....UMA PESSOA ENTRA EM DOIS HOSPITAIS, ESTEVE HORAS À ESPERA, MORRE, E ACULPA É DA B.T."
Bem, parece que o senhor presidente, se é que foi ele que respondeu, ficou ofendido. como não sou de me ficar, respondi-lhe da seguinte maneira:
"Caro senhor,
Com o devido respeito, a sua resposta confirma o que eu lhe disse.
As suas declarações, na posição que ocupa e de acordo com as responsabilidades sociais que tem, deveriam, a existir, ser imparciais, e sem qualquer tomada de partido – para si, o mais importante deveria ser a salvaguarda da vida humana, independente de quem é culpado ou não.
O facto de presidir a uma corporação de serviço voluntário (com todo o mérito que lhe é devido) não lhe atribui a faculdade de salvaguardar a posição de determinada entidade em detrimento de outras, especialmente quando a sua não se encontra envolvida, pelo menos publicamente.
Mais uma vez afirmo que, ao prestar estas declarações à comunicação social num assunto que não lhe dizia directamente respeito, não agiu de acordo com a sua posição e as suas responsabilidades.
Com certeza a GNR deverá ter departamento jurídico suficiente para defender a posição daqueles agentes, sem ser necessário ser o presidente dos Bombeiros Voluntários dos Arcos de Valdevez a tomar a cargo essa função.
Reitero: a BT, a meu ver, é culpada de não ter agido em conformidade com o código deontológico policial e ética profissional que lhes é exigida. No mínimo.
Aconselho-o a ler os comentários às suas declarações n’O Público, para saber o que pensa a maioria da comunidade que o senhor diz que serve tão arduamente:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1305164&idCanal=59&showComment=1#commentarios
No seu caso, “a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro” .
Com os melhores cumprimentos,
Acredito que me volte a responder, até porque não me parece a primar pela sensatez, senão tinha ficado calado em vez de mostrar a todos a dor de cotovelo porque o centro de saúde chamou um serviço privado em vez dos bombeiros. Isto numa situação em que morreu uma pessoa porque demorou 30 minutos a chegar ao hospital, em vez de 10 minutos como deveria ter sido, POR CAUSA DA GNR, SIM SENHOR!!!. Seja de quem for a culpa, um representante dos bombeiros devia ter aquela morte em conta, respeitá-la e à dor da família, e não aproveitá-la para fazer chicana contra quem lhe apetece.
Ou então este senhor é advogado e vai patrocinar a defesa dos agentes da GNR.... isso já não sei... sei é que é capaz de se safar de umas multas nos próximos tempos com a cantilena do "eu estou por vocês, senhores guardas", lá isso é.

3 comentários:

Casemiro dos Plásticos disse...

ninguem se entende neste triste pais, enfim...
boa semna e um beijo!

Capitão Merda disse...

Segui o teu rasto...
Mas terei de voltar mais tarde. O "post" é longo e a manhã está complicada (a patroa não me dá tréguas).
Volarei para ler com a devida atenção.

Zé do Cão disse...

Com os meus respeitos atrevo-me a fazer o seguinte comentário.
Na realidade os bombeiros têm dor de cotovelo pelo facto de não serem chamados pelos Centros de Saúde. Num passado recente e julgo que em Terras do Bouro, faleceu uma pessoa, em virtude de no Centro de Saúde terem demorado a emitir uma guia de marcha(se é que assim se pode chamar).
O caso dos bombeiros com os centro de saúde tem contornos mais sinistros, já que as contas que os bomb. apresentam ao Minist. Saúde são muito superiores aos trabalhos executados.
E o Minist. desde que os Bomb. levem directamente alguém ao hospital sem ser necessário, não lhes pagam. Estas situações são fruto das irregularidades que cometiam. vou dar um exemplo.
Ao domingo os Bomb. V. P. Novo levaram uma pessoa saudável ao centro de saúde para uma consulta de rotina e queriam cobrar. A referida consulta naquele dia era considerada uma urgencia. Quanto mais circularem mais ganham e tratam de INVENTAR serviços.