domingo, maio 12

50 Craps of Grey

Sra. Dona E.L. James, lamento informar, mas a porcaria que escreveu e da qual toda a gente fala, na minha humilde opinião, não vale o papel que gasta na folha dos agradecimentos. 
Tive que ser forte, e acabar de ler o 1º volume da trilogia "50 sombras de Grey" que me ofereceram. Tive que o fazer em duas prestações, e a última só consegui  terminar com a ajuda de Nossa Senhora de Fátima, tive que por a missa campal na TV para me dar forças para acabar de ler o livro. 
Querem um resumo? Aqui vai: 
Dois miúdos: ela, 21 anos, acabada de sair da faculdade. Virgem (???) , boa aluna, lindinha, tontinha e invejosa da vistosa e desinibida colega de apartamento. Ele: 27 anos, betinho, lindinho, culto, riquíssimo, e absolutamente tarado, marcado supostamente por uma mãe drogada e prostituta, e por uma  adolescência de abusos sexuais por parte de uma mulher mais velha. Conhecem-se, comem-se, e ele propõe lhe que ela seja a escrava  sexual dele. Ela , deslumbrada, aceita. Depois percebe que ele até gosta dela, mas é um fetichista BDSM, completamente queimado dos neurónios, que adora espancar e seviciar as suas mulheres, pagando bem caro para isso e dando presentes caros. Sessões de sexo pelo meio, mais ou menos descritivas, e no fim a moça resolve deixar o moço, em prantos, porque apesar dos presentes caros, não gosta de apanhar porrada. Ele também não fica nada contente.
That's all. Isto tudo acontece num espaço de 3 semanas a um mês....Pelas resenhas que , por curiosidade, li acerca dos outros dois livros, no livro seguinte (deve ser sobre os 15 dias seguintes...) o casalinho volta a comer-se, mas  a moça terá que levar com as retorcidas ex-escravas sexuais do moço, e no terceiro livro (deve ser sobre a semana seguinte..) acabam por casar, mas pelo visto o moço revela-se ainda mais retorcido do que parecia. Cá para mim acaba tudo morto  por acidente, asfixiado num qualquer artefacto BDSM pendurado no tecto. 
547 páginas disto. 547 páginas de Margarida Rebelo Pinto, e quem me conhece percebe o sacrifício que é para mim ler qualquer coisa que seja parecido com MRP. 
Há tanta incongruência neste livro que dá arrepios. Um miúdo americano de 27 anos, presidente de um grande grupo de empresas, lindíssimo, riquíssimo, hiper culto e cheio de classe??? Yeah, right. Um miúdo  completamente traumatizado, tarado e retorcido do cérebro, que se apaixona em 5 minutos por uma virgenzinha ruborizada ??? Bulshit. E uma tipa, completamente desligada de assuntos carnais, que nunca se tinha masturbado (ela é que o diz) virgem ao fim do tempo de faculdade (isto deve ser a parte cómica do livro), que cai nas mãos de um tarado, e se comporta desde a primeira sessão de sexo como uma profissional de 1ª classe, sem que ninguém lhe ensine nada. Tá bem, abelha
Primeiro, o Grey nunca poderia ser um miúdo de 27 anos. A densidade seria outra se  fosse um quarentão, esse sim, marcado por uma vida paralela de submundo BDSM. Isso sim, seria interessante.  Segundo, uma tontinha deslumbrada que para ir aos encontros com o moço, tem que pedir emprestados os vestidos e os sapatos à amiga, é uma seca. Terceiro:  mistura uma linguagem culta, até rebuscada (demasiado rebuscada para pessoas com menos de 30 anos, diga-se de passagem), com palavrões e calão. Tal qual  a algaraviada da Rebelo Pinto. Detesto livros com palavrões, a não ser que sejam livros de anedotas. Palavrões, são para se dizer quando faz falta, não para serem lidos, digo eu. Quarto: de romance, isto não tem nada. As personagens querem comer-se desde as primeiras páginas do livro, e comem-se 2 ou 3 páginas depois. Apresentam-se aos respectivos pais e família. Jantam em sítios caros, dão uns passeios de helicóptero, private jet e carros caros. E vão continuando a comer-se. E depois deixam de se comer. Ok, vao começando a ficar dependentes um do outro, mas...PFFF... Quinto: para conto erótico, deixa muito a desejar. Descritivo, mas pouco. Só dá a visão dela da cena. Toda a gente atinge orgasmos demasiado rápido. Há muitos anos, li "Fanny, memórias de uma prostituta", de John Cleland,  e afirmo  que, descritivamente, é muito mais denso e interessante. E sem palavrões. Ok, nem BDSM... 
É um livro para GAJAS. Exclusivamente para gajas. E eu não gosto de livros exclusivamente para gajas. No computo geral, achei o livro uma valente perda de tempo, e não tenho a mínima curiosidade em ler mais nada relacionado com isto, ou desta autora. Não lhe encontrei densidade, não achei as descrições nada de mais, e achei as personagens demasiado desadequadas à história que se queria contar. O tipo de história, realmente, poderia ser interessante, mas a falta de densidade das personagens estragou tudo. 
Arrependo-me amargamente de ter interrompido a leitura de "Os Litigantes" (John Grisham), por causa disto, por isso tenho que me redimir e voltar à carga, porque esse livro, sim, merece o tempo. 
Como é óbvio  esta é a minha opinião. Contra mim estão todos os milhões de pessoas (devem ser maioritariamente gajas) que deram à trilogia o estatuto de best seller. Mas é que eu às vezes sou do contra. Paciência. 




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