O cliente, a prostituta e o traficante dela

Ora então agora o governo quer punir os clientes das prostitutas, no caso de ser um caso de prostituição forçada, ligada às redes de tráfico de mulheres. Dizem que os clientes têm que ser responsabilizados, uma vez que fomentam o negócio. Bem, também foi dito que, no caso do cliente que não sabe que a moça está a ser forçada, será punido na mesma, por via da dúvidas. Em suma: se isto for avante, gajos, se recorrerem aos serviços destas moças, perguntem primeiro, educadamente e como quem não quer a coisa: "Menina, permita-me a curiosidade, mas por acaso está nesta profissão por prazer, por necessidade, ou sob coacção????". Se ela responder que está sob coacção, fujam a sete pés. Se ela responder outra coisa qualquer, tudo bem, mas toca a ficar com um olho no burro e outro no cigano, porque se são apanhados, e a bófia se lembra de embirrar que a moça pertence a uma rede... "Houston, we have a problem"...
Já tive portunidade de dizer o que penso da prostituição ( post "A profissão mais antiga", 23 Fevereiro). Não sou contra. Sou contra é violência, coacção, abuso, falta de condições e de protecção, tráfico de pessoas. Acho louvável que o Governo se preocupe com isto, sim senhor. Mas se a PJ e o SEF, aliados a outras forças de investigação e a leis concretas, tanto de direito substantivo como de processo, funcionassem, as redes eram desmanteladas à partida. Porque, de facto, punir o cliente, muitas vezes poderá ser a única punição existente no processo - se não se conseguir responsabilizar ninguém em concreto pela rede, os traficantes escapam; as prostitutas, ou ficam cá na mesma (legalizadas, e sem punição, porque sob coacção...) ou são repatriadas (se ilegais); o cliente, esse ferra-se logo à partida. Mesmo que não seja um criminoso (para a lei, porque para a sua mulher, namorada, companheira, etc. - se a tiver ... para ela é capaz de ser um criminoso, sim... ).
Bem, mas...prognósticos, só no fim. Right?