"Há alguns meses o «El Pais» dedicava várias páginas ao que designava como «geração mil euros». (...) Em Portugal ninguém terá pensado nisso, apesar de, comparando salários, talvez devermos falar da «geração dos 600 euros». Para os licenciados, naturalmente."
José Manuel Fernandes, PÚBLICO, 06-04-2006
Realmente, um pai manda um filho para a faculdade, e pensa que lhe está a dar um futuro melhor... Talvez um dia esse futuro melhor lhe saia na rifa, se o filho conseguir sobreviver durante os primeiros 10 anos de "carreira", a aguentar estágios e mais estágios, exploração e precariedade no emprego. Conheço pais que não deixaram os filhos ir para a faculdade, e filhos que nunca sequer quiseram ir: e alguns destes filhos, nos seus empregos ditos menos intelectuais, têm agora salários que ultrapassam os 2000 euros/mês. Mas claro, num país de doutores e engenheiros como o nosso, em que colegas de trabalho se tratam por "Mui ilustre", "Ó sr. dr.", e "Por favor, Sr. Engº", isso não tem qualquer interesse. Pior: quando os cargos muitas das vezes são ocupados não por quem merece, mas por quem pode..... Enfin, c' ést la vie: quem disse que o mundo era justo?
7 comentários:
é triste mas é bém verdade!:(
é a verdade, quer tudo ser doutor mas tiram o curso e não curam qualquer dor. e uma tristeza...
Há, de facto, uma fantasia de estatuto garantido e de salário respectivo, associado ao sucesso de um curso tirado no ensino superior. E isto de se chamar "ensino superior" também tem o que se lhe diga... Mas os que por aqui falamos temos, na sua maioria, ou não? E usamos o estatuto (não como valendo per si, atenção!)para conseguir traçar caminhos e objectivos,ou não? Abre campos, nem que seja de visão, pois nem sempre abre portas a sucesso pessoal (e entenda-se a vários níveis). No me caso, para já, corre bem! Noutros nem tanto. A incerteza é um veneno da pior espécie!
Concordo plenamente. Desde que as pessoas entendam que um curso, neste momento, não garante estatuto, mas apenas o skill necessário para evoluir e escolher um caminho, devem sempre investir na formação. Porque o mercado é uma selva, e há que entrar na competição, não é?
Sabes, tenho uma filhota de 5 anos, prestes a a entrar na escola primária.. Fui a uma sessão de apresentação de uma escola primária (a única não católica cá do Burgo que conheço). Fiquei chocada. O discurso vai todo no sentido da competição: "nós também entramos"... e já a atirar para a entrada na Universidade. Notas, notas é o que se quer! CREDO! Fomos uma geração feliz ainda, apesar do choque da PGA, etc etc. Não é o que quero, definitivamente para quem depende de mim e das minhas escolhas. Mas é muito MAU!
Falava das escolas privadas, claro! Mas a competição não passa ao lado das públicas, pelo que conheço.
Parabéns pela filhota; Tens agora essa cruzada pela frente: procurar o melhor para a formação dela (para que seja uma menina e moça devidamente escolarizada... soa familiar? :)). As escolas parecem lojas de roupa a competir pela clientela, as públicas também. Nós não tivemos que passar por essa febre das escolas pelas notas, não: eu só comecei a pensar no curso 2 anos antes de entrar na faculdade, e nem foi por pressão da escola. PGA, já não apanhei, mas ainda andei nas manifs contra ela!!!
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