Há muito tempo que não me sentava nos duros bancos da minha vetusta faculdade, com o intuito de prestar provas. Mas, tais não eram as saudades, voltei lá. Já quase me tinha esquecido do desconforto, do frio, dos olhares vazios dos colegas à procura de respostas nos azulejos das paredes, da vigilância de milhafre dos responsáveis pela sala. Com uma agravante, desta vez: as provas eram para quem quer ser juiz ou magistrado (não para mim, de certeza, que até agora não sei o que fui lá fazer.... e foi isso que me fez levantar ontem às 8h da matina - para ver se estudava qualquer coisinha, pelo menos uma manhã de estudo tinha q ser...) De repente, recuei 10 anos no tempo, ao sentar-me ao fundo da sala, com um enunciado de 6 páginas na frente. Dada a minha manifesta falta de estudo, e ainda mais manifesta falta de nervos (causada, evidentemente, pela falta de estudo!), gastei a 1ª meia hora, pelo menos, a observar o ambiente na sala: parecia o aeroporto numa rush hour - uma infinidade de malas de viagem enormes (sim!) cheias de livros e dossiers, cadernos e folhas soltas. Malas abertas, livros espalhados por todo o lado, garrafas de água, chocolates e relógios, num quarto de hora a sala parecia devastada por um furacão. O pessoal (aí umas 60 pessoas ou mais - eu queria ter ficado no auditório da FDUC, o "Caixão", onde estavam, pelo menos, o triplo das pessoas ) estava tão absorto no meio dos seus profundos conhecimentos de direito (presumo eu), que foi muito engraçado olhar para aquelas caras aflitas com a falta de tempo para escrever toda essa doutrina e jurisprudência que passaram tempos infindos a estudar. Foi giro tentar interpretar as expressões dos colegas: se estavam ali porque perseguiam o sonho da magistratura, se apenas queriam sair do desemprego, se tinham estudado muito, se tinham estudado pouco, se viam a sua vida andar para trás, se acreditavam que era desta,... foi gira esta apreciação sociológica, porque nas provas da faculdade nunca tive tempo para observar coisas deste género. Mais: olhei para o pessoal e pensei quais daqueles seriam os nossos próximos juízes. Dei comigo a rir-me para dentro e a cogitar: "Todos menos eu, abrenúncio.... ". Fui lá só "pra ver a bola". Boa sorte aos colegas, também para as jornadas seguintes, espero que tenham marcado, e continuem a marcar, muitos golos.
4 comentários:
Também nisso??? Quantas páginas escreveste, só por curiosidade? Ouvi dizer que é a metro...
10 páginas da mais sábia asnice.... é mais ou menos a metro, especialmente nestas provas, que é a contar com o "desconto" que eles fazem. Como o ano passado parece que perderam páginas das respostas do pessoal, toca de escrever.... hehehehe
10 páginas! ainda te safas, vais lá parar sem saber como. Pelo menos ficamos com uma juíza com bom senso, qualidade fundamental e quase única para o cargo.
ahahahah!! Sim, se lá fosse parar, realmente não perceberia nunca como tal teria acontecido... o bom senso é essencial nos juizes, sim senhor, qualidade QUASE única: a mim falta-me o QUASE.. e bom senso, tem dias... ;)
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